Área de Intervenção

     

A área de intervenção do projeto engloba toda a parte terrestre da ZEC Ponta de São Lourenço (PTMAD0003). Todo o ecossistema desta área tem elevado interesse, sendo a parte terrestre constituída em parte pelos habitats referidos na Diretiva Habitats: 1250 - Falésias com flora endémica das costas macaronésias (Flora endémica); 5330 – Matos termomediterrânicos pré-desérticos.

Esta área possui um património natural único que é constituído por um elevado nº de taxa (69 espécies e subespécies) endémicos da região Biogeográfica da Macaronésia, do Arquipélago da Madeira ou do próprio sítio.

As aves marinhas, os moluscos terrestres e as plantas são aqueles grupos que assumem maior relevo e suscitam maiores preocupações de conservação. Desde a descoberta da Ilha da Madeira que este património tem sido condicionado e ameaçado por inúmeros fatores, com particular destaque para a presença de espécies exóticas com caráter invasor e o uso humano desregrado. Se forem tomadas medidas de gestão adequadas, existem condições para reverter a situação, fazendo com que este importante nicho de biodiversidade atinja uma situação de equilíbrio.

A fauna malacológica terrestre do Arquipélago da Madeira é extremamente rica, onde 66% das espécies inventariadas são endémicas. Fruto de várias colonizações e de distintos processos de especiação, colonização e extinção, os taxa endémicos do arquipélago distribuem-se pelas 3 ilhas e ilhéus adjacentes, ocupando todos os nichos ecologicamente disponíveis desde a zonas costeiras até às áreas sub-alpinas.

Exemplo claro dessa diversidade, fruto não só da história geológica e ambiental do arquipélago mas também dos processos de colonização e dispersão, são as ilhas Desertas e a Ponta de São Lourenço. Estas massas de terra estiveram ligadas durante 3 MA, pelo que durante esse período as suas faunas evoluíram em conjunto, encerrando por isso elementos característicos de habitats húmidos e de floresta que derivaram da fauna da zona Oeste da ilha da Madeira e elementos de habitats secos e de áreas costeiras da zona Este.

Recordação temporal desse período é o depósito de fósseis das Dunas da Piedade, datado do período Quaternário, permitindo efetuar a história da malacofauna terrestre destas áreas e identificar as colonizações, introduções e extinções que decorreram desde esse período até ao presente. Assim, das 54 espécies que ocorrem nestas Dunas, 14 encontram-se extintas e apenas 12 podem ser encontradas vivas a menos de 3 km das Dunas da Piedade.

 

A Ponta de São Lourenço encerra uma malacofauna peculiar, fruto dos eventos climáticos (glaciações) e geológicos que assolaram a ilha, tendo originado uma fauna malacológica única no panorama arquipelágico madeirense. Outrora ligada às ilhas Desertas, esta área apresenta uma fauna com traços comuns à fauna de zonas mais seca, quentes e com vegetação rasteira e esparsa (ex: Caseolus innominatus compactus e Discula polymorpha), bem como taxa caraterísticos de áreas húmidas, frias e de altitude (ex: Craspedopoma mucronatum, Leiostyla lamelosa e Geomitra tiarella), sendo testemunho da existência de distintos habitats em tempos históricos e que são fruto da história ambiental e dos respetivos processos de especiação, colonização e extinção.

Atualmente a PSL encerra 31 taxa, 65% dos quais são endémicos e 1 exclusivo da área (Amphorella tornatellina minor). Estas espécies distribuem-se não só pela área peninsular mas também pelo Ilhéu do Desembarcadouro, ocupando todos habitats disponíveis, quer seja debaixo de rochas e junto ao solo, quer associadas à vegetação local (como acontece com o endemismo Sueda vera), quer ainda em zonas de declive, nas frestas de rochas, como é o caso das 3 espécies do género Boettgeria. Nesta área ocorre ainda a espécie prioritária Leiostyla lamelosa (constante do anexo II da Diretiva Habitats), que ocorre numa área inferior a 50 m2 e cujo estado de conservação é considerado crítico.

 

No grupo das aves marinhas o destaque vai para a presença de espécies extremamente vulneráveis (seis espécies constantes no Anexo I da Diretiva Aves). As aves marinhas que aqui nidificam incluem-se nas ordens Procellariformes e Charadriformes. Nos Procelariformes - aves marinhas pelágicas - incluem-se a cagarra Calonectris borealis, a alma-negra Bulweria bulwerii, o roque-de-castro Hydrobates castro e o pintainho Puffinus lherminieri baroli. São espécies inerentemente vulneráveis para as quais a ZEC da Ponta de São Lourenço representa um dos últimos refúgios europeus e mundiais. Nos Charadriformes - aves marinhas costeiras - onde se incluem a gaivota-de-patas-amarelas Larus michaellis atlantis e o garajau-comum Sterna hirundo. No geral, a tendência populacional de cada uma destas aves é positiva ou pelo menos estável. As aves acima mencionadas, com exceção da gaivota-de-patas-amarelas, são espécies migratórias, aparecendo nestas áreas durante o seu período reprodutivo. É igualmente importante referenciar que existem registos históricos da presença de garajau-rosado Sterna dougallii nesta área, não havendo contudo evidências recentes da sua presença.

Muitas das aves terrestres que ocorrem nesta área constituem taxa endémicos ao nível da macaronésia ou do arquipélago, como é o caso do corre-caminhos Anthus bertheloti madeirensis, o pardal-da-terra Petronia petronia maderensis, andorinhão-da-serra Apus unicolor, o francelho Falco tinnunculus canariensis ou a manta Buteo buteo harterti.

Muitas outras aves de várias espécies visitam ocasionalmente esta área, sobretudo nas épocas de invernada ou migração, como é o caso da garça-branca-pequena Egretta garzetta, falcão-peregrino Falco peregrinus ou coruja-do-nabal Asio flammeus.

 

A flora da Ponta de São Loureço é influenciada pela aridez e predominância dos ventos, apresentando caraterísticas únicas na região da Macaronésia. É essencialmente constituída por matorral xerofítico do litoral, constando das espécies presentes 157 plantas vasculares, dos quais 9 ptéridofitos e 148 espermatófitos.

Entre a flora endémica do arquipélago da Madeira, destacam-se as espécies Beta patula, Phalaris maderensis e Calendula maderensis, espécies listadas no anexo II da Diretiva Habitats.

No que concerne às espécies de plantas com caraterísticas invasoras, cuja presença tem reconhecidamente um efeito negativo sobre a flora endémica, salientam-se Agave americana, Tamarix gallica, Opuntia tuna, Carpobrotus edulis, Malva parviflora e Phalaris aquatica.

 

Como em todas as ilhas oceânicas, a fauna quiropterológica do Arquipélago da Madeira é reduzida mas com elevada percentagem de endemismo, sendo 40% dos taxa inventariados endémicos. Devido à riqueza de invertebrados e menor amplitude térmica anual que carateriza a área do projeto, os morcegos da Madeira Pipistrellus maderensis e os morcegos-orelhudos-cinzentos Plecotus austriacus encontram nesta área um território de alimentação de elevada importância, principalmente nos meses de inverno. Em relação aos morcegos arborícolas da Madeira Nyctalus leisleri verrucosus, os registos esporádicos no limite ocidental da área, colocam a hipótese desta espécie a usar como corredor de voo entre os abrigos e locais de alimentação.

 

Nesta área surgem várias espécies introduzidas de plantas e animais com carater invasor. Os vertebrados introduzidos nesta área e causadores de impactos vastamente descritos na bibliografia, são os coelhos Oryctolagus cuniculus, os murganhos Mus musculus e os ratos Rattus rattus.

 

Contacto Instituto das Florestas e Conservação da Natureza - IPRAM

 

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